Carlson, assim como Conde Koma e seu tio Hélio, refinou seu Jiu Jitsu na sua forma mais pura, usando-o em combates sem regras. Nesses combates, Carlson se mostrou completo, pois vencia finalizando com estrangulamentos e chaves, mas também usava o Jiu Jitsu como caminho para aplicar socos e chutes, sem com isso sofrer golpes. Apesar dessa experiência única no Vale Tudo, foi no Jiu Jitsu esportivo que Carlson conquistou sua fama como treinador. Foi na academia de Niterói que formou seu primeiro faixa preta, Serginho Íris e a partir disso, sua sede de títulos aumentava cada vez mais. Sempre envolvido em jogos de todos os tipos e brigas de galos, Carlson não era como Hélio e Carlos, que tinham o Jiu Jitsu como forma de Defesa Pessoal e ferramenta filosófica de aprimoramento da auto-segurança. Para Carlson, o Jiu Jitsu dava vazão ao seu espírito competidor e depois que o Jiu Jitsu esportivo foi instituído, Carlson queria a vitória dos alunos. Alguns afirmam que o Jiu Jitsu praticado pelos alunos de Carlson era muito limitado e priorizava a força. Isso não é verdade, pois foi graças aos alunos de Carlson é que os alunos das Academias Gracie, Royler Gracie, Royce Gracie, Irmãos Machado, Marcelo Behring e Rickson Gracie puderam ter adversários à altura e a motivação para buscar evolução constante. Uma característica que Carlson tinha como treinador era aproveitar o potencial do atleta. Se o lutador era bom em estrangulamentos, Carlson melhorava-os para que ganhasse as competições. Não fazia questão de melhorar seus pontos fracos e sim fazer com que os pontos fortes vencessem a competição. Apesar de ter sido um atleta que não apreciava treinos duros e de ter um estilo de vida caótico, Carlson exigia dos alunos o contrário, ou seja, dedicação total nos treinos, sessões de preparo físico intenso e os famosos desafios Gracie continuaram de outra forma. Como a quantidade de campeonatos na década de 70 ainda era pequeno, seus primeiros faixa pretas como Carlos Rosado lembra que num dia qualquer sem aviso, Carlson trazia algum lutador de outra academia para testar seus próprios, fazendo com seus alunos estivessem sempre prontos. Grande parte do estilo despojado e por vezes até mesmo desrespeitoso dos treinos de Jiu Jitsu atual são marcas deixadas por Carlson. Por outro lado, a obsessão pelo treinamento físico, a busca pela vitória a qualquer custo são marcas registradas que o mestre deixou no Jiu Jitsu. Durante a década de 70, 80 e parte da década de 90, a equipe de Carlson dominou todos os campeonatos. O exército que o treinador montara era, além de bem treinado, também superior em número, pois suas mensalidades ainda eram as mais baixas e caso o aluno trouxesse títulos, poderia até mesmo ficar isento das mensalidades. Foi o caso de Wallid Ismail, que veio de Manaus e morou na academia durante anos. Em troca, trouxe diversos títulos e talvez um dos mais importantes da década que foi a vitória de Walid sobre o então já tri-Campeão do UFC Royce Gracie. Podemos citar alguns de seus alunos mais importantes como Amauri Bitetti, Murilo Bustamante, Carlão Barreto, De La Riva, Cássio Cardoso, Allan Góes, José Mário Sperry, Bebeo Duarte e ídolos mais recentes como Vitor Belfort, Ricardo Arona e Paulão Filho.